Data de publicação:16.01.2022<Voltar
Plano de Desinvestimento da PETROBRAS: gerou R$ 243,6bi em 68 Negócios desde 2015 até setembro de 2021
A PETROBRAS alcançou o valor de R$ 243,6 bilhões em desinvenstimentos em 68 transações, nos últimos sete anos, com a venda da BR distribuidora, polos de gás, gasodutos e campos produtores de petróleo. Segundo a petroleira, o objetivo foi o de obter recursos para amortizição de dívidas e investir na exploração do pré-sal.
O levantamento foi feito pelo Observatório Social da PETROBRAS a partir de dados publicados no balanço da empresa. Os valores foram convertidos para reais (muitos negócios são em dólar) e atualizados pelo IPCA. A maior parte das vendas aconteceu no governo atual, mas vêm sendo feitas desde 2015. Governo Dilma Rousseff: R$ 26,9 bilhões (11% do total) Governo Michel Temer: R$ 78,5 bilhões (32,2%) e Governo Jair Bolsonaro: R$ 138,2 bilhões (56,7%).
Ativos Negociados: a) TAG (Transportadora Associada de Gás – rede de gasodutos do Norte e Nordeste): R$ 41 bilhões (2019); b) NTS (Nova Transportadora do Sudeste – controladora de gasodutos na região Sudeste): R$ 21 bilhões (2019); c) BR (distribuidora de combustíveis): R$ 12 bilhões (2021) d) venda de 23 bens e participações acionárias: R$ 52,8 bilhões (2020). Em 2021 (até 7/12): 15 bens vendidos: R$ 30,2 bilhões incluindo a venda da primeira refinaria, a RLAM (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, por R$ 10 bilhões. A PETROBRAS divulgou que quer ficar com apenas cinco das suas 13 refinarias.
Em setembro de 2021 a dívida bruta da companhia caiu para R$ 317,7 bilhões. Em 2015 era R$ 435 bilhões. A relação entre dívida líquida e Ebtida (lucro operacional) recuou para 1,17. Era 5,31 em 2015. Atualmente a PETROBRAS tem cerca de R$ 1,239 trilhão em bens. Isso inclui: 12 refinarias, 5.646 poços produtores de petróleo, 60 plataformas de exploração de petróleo e 48 terminais e oleodutos.
Em 2021, até setembro o lucro líquido foi de R$ 75,2 bilhões e a produção 2,83 milhões de boe por dia (balanço do ano passado deve ser divulgado em fevereiro de 2022). Nos nove primeiros meses de 2015 a companhia reportou um lucro líquido de R$ 2,1 bilhões e produção média diária de 2,23 milhões de boe.
“Usar o dinheiro da venda de bens para reduzir dívidas também torna a empresa mais competitiva porque assim ela consegue investir a custos mais baixos e ser mais rentável”, afirma Rodrigo Araujo Alves (diretor de Finanças e Relacionamento com Investidores da PETROBRAS). O diretor afirmou, ainda, que os investimentos realizados pela companhia estão aumentando. Em 2021, até o terceiro trimestre, a PETROBRAS investiu US$ 6,1 bilhões. O Plano de Negócios 2022 – 2026, preve desinvestimentos de 15 a 25 bilhões de dólares e investimentos de 68 bilhões (24% maior do que no plano de 2017 a 2021).
Alguns especialistas afirmam que esse procedimento afeta as políticas de energia e petroquímica porque a PETROBRAS e os ativos da empresa são parte fundamental dos investimentos e de todo o planejamento das cadeias de combustíveis, energia e petroquímicos no BRASIL. Ildo Sauer, (ex diretor da PETROBRAS) e professor do IEE-USP, diz que os bens vendidos já tiveram os investimentos amortizados ao longo dos anos. “O que a empresa está fazendo é vender um ativo cujo valor presente que recebe está vinculado a um dispêndio que ela mesma vai ter nos próximos anos. A empresa está queimando seus ativos para converter em lucros e distribuir aos investidores”, comenta Sauer.
Já para o especialista em política energética Adriano Pires (diretor do Cbie), a venda de ativos pela PETROBRAS atrai investimentos de mais empresas, locais e estrangeiras, para os setores de gás e petróleo no BRASIL. Segundo ele, essas companhias poderão dedicar mais recursos e maior atenção aos negócios que estão assumindo do que a companhia vinha fazendo e isso favorece o desenvolvimento do país. Pires, afirma ainda que “para ter capacidade de planejamento estratégico, o BRASIL precisa de instituições públicas fortes e não de investimento público. Isso significa fortalecer entidades como a ANP e o Cade para garantia de concorrência e qualidade do produto, independentemente de quem seja o dono das operações.
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